O mau olhar do "outro"
“Esta é a razão de tantas lendas, principalmente medievais, fazerem alusão a bruxas que não são convidadas à festa. A bruxa é o termo utilizado no mundo medieval para expressar “o estranho-outro”. Este não é convidado por ser “outro” e, ao classificá-lo como tal, o dono da festa já se coloca, animalescamente, à flor da pele em relação a seu olhar. O mau-olhado, o ain ha-rá, é o olhar do outro que, conhecido ou desconhecido, não é sequer próximo o suficiente para estar entre a lista de nossos convidados.”
Excerpt From: Nilton Bonder. “A Cabala da inveja."
רַבִּי יְהוֹשֻׁעַ אוֹמֵר, עַיִן הָרָע, וְיֵצֶר הָרָע, וְשִׂנְאַת הַבְּרִיּוֹת, מוֹצִיאִין אֶת הָאָדָם מִן הָעוֹלָם:
Propósito
“Devemos perceber que todos nós temos um grupo de indivíduos que consideramos candidatos a participar de nossas listas. São exatamente aqueles conhecidos que se situam no limite de nosso círculo de amizades os que mais tememos. São estes os maiores candidatos a inimigos; aqueles com quem travamos invejas e maus-olhados. Muitas vezes, eles podem até mesmo estar na festa, mas são claramente estrangeiros ao círculo óbvio dos próximos. Verificamos anteriormente que são estes próximos estigmatizados de outro que dão origem aos inimigos.”
Excerpt From: Nilton Bonder. “A Cabala da inveja.”
Sur MeRa vaHase Tov (Salmos 34:15)
“É fundamental que entendamos também que o mau-olhado não existe unilateralmente. Ele é emitido e percebido, e ambos, tanto emissor como receptor, são responsáveis. Basta um defletir este olhar e ele é imediatamente cancelado.
Para os rabinos, a única forma de defletir ou neutralizar o mau-olhado é por meio do ain ha-tov, o bom olhado. Uma explicação do rabino de Ger vai nos auxiliar. Dizia ele:
Somos aconselhados pelo salmista (salmo 34:15) a abandonar o mal e então realizar o bem. Eu acrescentaria que, se você tem dificuldades de seguir este conselho, você pode primeiro realizar o bem; o mal irá, automaticamente, afastar-se de você!”
Excerpt From: Nilton Bonder. “A Cabala da inveja.”
Segunda Parte
Le Chaf Schut
“Em outras palavras, se temos dificuldade de evitar maus-olhados em relação a uma pessoa, talvez devamos mudar de estratégia e buscar simplesmente enviar “bons olhados” em direção a ela. Isto significa, num nível mais superficial, creditar ao outro o benefício da dúvida, ou tentar perceber a dimensão do conselho de Shimon ben Azai (Ética dos Ancestrais, 4:3):
“Não subestime ninguém e não considere nada impossível.
Pois não há ser humano que não tenha a sua hora e não há nada que não tenha o seu lugar.”
Excerpt From: Nilton Bonder. “A Cabala da inveja.”
יְהוֹשֻׁעַ בֶּן פְּרַחְיָה וְנִתַּאי הָאַרְבֵּלִי קִבְּלוּ מֵהֶם. יְהוֹשֻׁעַ בֶּן פְּרַחְיָה אוֹמֵר, עֲשֵׂה לְךָ רַב, וּקְנֵה לְךָ חָבֵר, וֶהֱוֵי דָן אֶת כָּל הָאָדָם לְכַף זְכוּת:
Nos vemos com nossos óculos
“Conta-se sobre uma ocasião em que Reb Pinchas foi procurado por um discípulo. Tratava-se de um rapaz bem-intencionado, desejoso de estabelecer vínculos positivos com aqueles de quem discordava, sem incorrer no grave erro de forçar-lhes a sua versão de mundo e, por sua vez, sem desejar também ter de abrir mão dela. Prestemos atenção na maneira como isto é colocado em linguagem religiosa e na resposta do mestre:”
Excerpt From: Nilton Bonder. “A Cabala da inveja.”
- Meraglim / Espiões
Nos mudando mudamos o mundo
“Uma pessoa perguntou a Reb Pinchas: “Como posso rezar pedindo que alguém se arrependa de suas faltas, quando esta oração, se for ouvida nos céus, representa uma clara interferência no livre-arbítrio desta pessoa?”
Respondeu o rabino: “O que é D’us? A totalidade das almas. Seja lá o que existir no todo, também existe na parte. Portanto, em cada alma, todas as almas estão contidas. Se eu me transformo e cresço como indivíduo, eu mesmo contenho em mim a pessoa a quem quero ajudar, e esta contém a mim nela. Minha transformação pessoal ajuda a tornar o ‘ele-em-mim’ melhor e o ‘eu-nele’ melhor, também. Desta forma, fica muito mais fácil para o ‘ele-nele’ tornar-se melhor.”
(...)
“Para podermos modificar uma atitude para com o outro, devemos entender que há um outro em nós e nós no outro. Se conseguimos trabalhar e crescer como indivíduos, não só nós nos beneficiamos, mas o outro em nós também. A visão ou a relação do outro em nós é engrandecida de tal forma que irá, certamente, refletir no elemento nós-no-outro, enriquecendo-o também. E o resultado final deste movimento é a transformação do outro no outro, ou de sua pessoa como a enxergamos.”
Excerpt From: Nilton Bonder. “A Cabala da inveja.”
(כב) בֶּן בַּג בַּג אוֹמֵר, הֲפֹךְ בָּהּ וַהֲפֹךְ בָּהּ, דְּכֹלָּא בָהּ. וּבָהּ תֶּחֱזֵי, וְסִיב וּבְלֵה בָהּ, וּמִנַּהּ לֹא תָזוּעַ, שֶׁאֵין לְךָ מִדָּה טוֹבָה הֵימֶנָּה:
(22) Ben Bag Bag said: Turn it over, and [again] turn it over, for all is therein. And look into it; And become gray and old therein; And do not move away from it, for you have no better portion than it.
ר' אומר: הרבה פרשיות סמוכות זו לזו, ורחוקות זו מזו כרחוק מזרח ממערב!
Rebbi says: There are many adjoining sections n the Torah which are as far from each other as east from west.
אין מוקדם ומאוחר בתורה - לא הקפידה תורה על סדר מוקדם ומאוחר ופרשיות דנאמרו תחלה הקדימו המאוחרות לה:
"A vida é o que a pequena lina que fica entre nossa data de nascimento e nossa data de partida"
Rab Baruch Plavnick z'l (1952 - 2021)
Malvinas - "Vacinatorio"